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Criação

Criação

O ato de criar, ou trazer à existência, alguém ou alguma coisa. Pode também referir-se àquilo que foi criado ou trazido à existência. A palavra hebraica ba·ráʼ e a grega ktí·zo, ambas significando “criar”, são usadas exclusivamente com referência à criação divina.

Em todas as Escrituras, Jeová Deus é identificado como o Criador. Ele é “o Criador dos céus, . . . o Formador da terra e Aquele que a fez”. (Is 45:18) Ele é “o Formador dos montes e o Criador do vento” (Am 4:13) e é “Aquele que fez o céu e a terra, e o mar, e todas as coisas neles”. (At 4:24; 14:15; 17:24) “Deus . . . criou todas as coisas.” (Ef 3:9) Jesus Cristo reconheceu a Jeová como Aquele que criou os humanos, fazendo-os macho e fêmea. (Mt 19:4; Mr 10:6) Portanto, Jeová é apropriada e exclusivamente chamado de “o Criador”. — Is 40:28.

É por causa da vontade de Deus que todas as coisas “existiram e foram criadas”. (Re 4:11) Jeová, que tem existido por todo o tempo, estava sozinho antes de a criação ter começo. — Sal 90:1, 2; 1Ti 1:17.

Ao passo que Jeová, que é Espírito (Jo 4:24; 2Co 3:17), sempre tem existido, isto não se dá com a matéria da qual o universo é feito. Portanto, ao criar os literais céus e terra, Jeová não usou material preexistente. Isto é evidente de Gênesis 1:1, que diz: “No princípio Deus criou os céus e a terra.” Se a matéria sempre tivesse existido, teria sido impróprio usar o termo “princípio” com respeito às coisas materiais. Todavia, depois de criar a terra, Deus formou “do solo todo animal selvático do campo e toda criatura voadora dos céus.” (Gên 2:19) Ele formou também o homem “do pó do solo”, soprando nas narinas dele o fôlego de vida, de modo que o homem se tornou uma alma vivente. — Gên 2:7.

O Salmo 33:6 diz apropriadamente: “Pela palavra de Jeová foram feitos os próprios céus, e pelo espírito de sua boca, todo o exército deles.” Quando a terra ainda estava “sem forma e vazia”, havendo “escuridão sobre a superfície da água de profundeza”, era a força ativa de Deus que se movia por cima da superfície das águas. (Gên 1:2) Deus usou assim a sua força ativa, ou “espírito” (hebr.: rú·ahh), para realizar seu propósito criativo. As coisas que ele criou testificam não só o seu poder, mas também a sua Divindade. (Je 10:12; Ro 1:19, 20) E, visto que Jeová “não é Deus de desordem, mas de paz” (1Co 14:33), sua obra criativa é assinalada pela ordem, em vez de por caos ou acaso. Jeová lembrou a Jó que Ele havia tomado medidas específicas ao fundar a terra e ao bloquear o mar, e indicou que existem “estatutos dos céus”. (Jó 38:1, 4-11, 31-33) Além disso, as obras criativas e outras obras de Deus são perfeitas. — De 32:4; Ec 3:14.

A primeira criação de Jeová foi seu “Filho unigênito” (Jo 3:16), “o princípio da criação de Deus”. (Re 3:14) Este, “o primogênito de toda a criação”, foi usado por Jeová na criação de todas as outras coisas, as nos céus e as na terra, “as coisas visíveis e as coisas invisíveis”. (Col 1:15-17) O testemunho inspirado de João a respeito deste Filho, a Palavra, é que “todas as coisas vieram à existência por intermédio dele, e à parte dele nem mesmo uma só coisa veio à existência”, e o apóstolo identifica a Palavra como Jesus Cristo, que se havia tornado carne. (Jo 1:1-4, 10, 14, 17) Como a sabedoria personificada, Este é representado como dizendo: “O próprio Jeová me produziu como princípio do seu caminho”, e falando sobre a sua associação com Deus, o Criador, como “mestre de obras” de Jeová. (Pr 8:12, 22-31) Em vista da íntima associação de Jeová e seu Filho unigênito na atividade criativa, e porque este Filho é “a imagem do Deus invisível” (Col 1:15; 2Co 4:4), foi evidentemente ao Seu Filho unigênito e mestre de obras (ou mestre em obras) que Jeová falou, dizendo: “Façamos o homem à nossa imagem.” — Gên 1:26.

Depois de criar seu Filho unigênito, Jeová usou-o para trazer à existência os anjos celestiais. Isto antecedeu à fundação da terra, conforme Jeová revelou ao interrogar Jó e perguntar-lhe: “Onde vieste a estar quando fundei a terra . . . quando as estrelas da manhã juntas gritavam de júbilo e todos os filhos de Deus começaram a bradar em aplauso?” (Jó 38:4-7) Foi depois da criação destas criaturas espirituais, celestiais, que foram feitos ou trazidos à existência os céus e a terra materiais, e todos os elementos. E, visto que Jeová é o primariamente responsável por todas essas obras criativas, estas são atribuídas a ele. — Ne 9:6; Sal 136:1, 5-9.

As Escrituras, ao declararem: “No princípio Deus criou os céus e a terra” (Gên 1:1), deixam o assunto indefinido quanto ao tempo. Este uso do termo “princípio”, portanto, é inatacável, não importa que idade os cientistas queiram atribuir ao globo terrestre, aos diversos planetas e a outros corpos celestes. O próprio tempo da criação dos céus e da terra materiais pode ter sido há bilhões de anos.

Outras Atividades Criativas Que Envolviam a Terra. Gênesis, capítulo 1, até capítulo 2, versículo 3, depois de falar da criação dos céus e da terra materiais (Gên 1:1, 2), fornece um esboço de outras atividades criativas na terra. O capítulo 2 de Gênesis, começando no versículo 5, contém um relato paralelo a partir de um ponto no terceiro “dia”, depois do surgimento da terra seca, mas antes de se criarem plantas terrestres. Apresenta pormenores não fornecidos no esboço geral encontrado no capítulo 1 de Gênesis. O Registro inspirado fala de seis períodos criativos chamados “dias”, e de um sétimo período, ou “sétimo dia”, em que Deus parou com as suas obras criativas terrestres e passou a repousar. (Gên 2:1-3) Embora o relato de Gênesis sobre a atividade criativa relacionada com a terra não apresente especificações botânicas e zoológicas pormenorizadas, conforme são comuns hoje em dia, os termos empregados nele abrangem adequadamente as principais categorias de vida, e mostram que estas foram criadas e feitas para se reproduzirem apenas segundo as suas respectivas “espécies”. — Gên 1:11, 12, 21, 24, 25; veja ESPÉCIE.

A tabela que segue apresenta as atividades criativas de Deus durante os seis “dias” esboçados em Gênesis.

OBRAS CRIATIVAS TERRESTRES DE JEOVÁ

Dia N.º

Obras Criativas

Textos

1

Luz; separação entre dia e noite.

Gên 1:3-5

2

Expansão, separação das águas debaixo da expansão das águas por cima dela.

Gên 1:6-8

3

Terra seca; vegetação.

Gên 1:9-13

4

Luzeiros celestes tornam-se discerníveis da Terra.

Gên 1:14-19

5

Almas aquáticas e criaturas voadoras.

Gên 1:20-23

6

Animais terrestres; homem.

Gên 1:24-31

Gênesis 1:1, 2, refere-se a um tempo anterior aos seis “dias” esboçados acima. Quando estes “dias” começaram, o sol, a lua e as estrelas já existiam, mencionando-se a sua criação em Gênesis 1:1. No entanto, antes destes seis “dias” de atividade criativa, “a terra mostrava ser sem forma e vazia, e havia escuridão sobre a superfície da água de profundeza”. (Gên 1:2) Pelo visto, uma faixa de camadas de nuvens ainda envolvia a terra, impedindo que a luz atingisse a sua superfície.

Quando Deus disse no Primeiro Dia: “Venha a haver luz”, evidentemente uma luz difusa passou a atravessar as camadas de nuvens, embora as fontes desta luz ainda não pudessem ser discernidas da superfície da terra. Parece ter-se tratado dum processo gradativo, conforme indicado pelo tradutor J. W. Watts: “E a luz veio gradualmente à existência.” (Gên 1:3, A Distinctive Translation of Genesis [Tradução Distintiva de Gênesis]) Deus fez com que houvesse uma separação entre a luz e a escuridão, chamando a luz de Dia e a escuridão de Noite. Isto indica que a terra girava em torno do seu eixo, ao orbitar em torno do sol, de modo que seus hemisférios, oriental e ocidental, podiam usufruir períodos de luz e de escuridão. — Gên 1:3, 4.

No Segundo Dia, Deus fez uma expansão por causar uma separação “entre águas e águas”. Algumas águas permaneceram na terra, mas uma grande quantidade de água foi elevada muito acima da superfície da terra, e no espaço intermediário entre elas veio a haver uma expansão. Deus chamou a expansão de Céu, mas isto com relação à terra, visto que não se diz que as águas suspensas acima da expansão envolvessem estrelas ou outros corpos dos céus externos. — Gên 1:6-8; veja EXPANSÃO.

No Terceiro Dia, pelo poder operador de milagres de Deus, as águas na terra foram ajuntadas e apareceu a terra seca, chamando-a Deus de Terra. Foi também neste dia que Deus, por nenhum fator casual ou processos evolutivos, agiu para sobrepor o princípio de vida a átomos de matéria, de modo que se trouxeram à existência relva, vegetação e árvores frutíferas. Cada uma destas três categorias gerais era capaz de reproduzir-se segundo a sua “espécie”. — Gên 1:9-13.

A vontade divina a respeito dos luzeiros foi realizada no Quarto Dia, declarando-se: “Deus passou a fazer os dois grandes luzeiros, o luzeiro maior para dominar o dia e o luzeiro menor para dominar a noite, e também as estrelas. Assim, Deus os pôs na expansão dos céus para iluminarem a terra e para dominarem de dia e de noite, e para fazerem separação entre a luz e a escuridão.” (Gên 1:16-18) Em vista da descrição desses luzeiros, o luzeiro maior evidentemente era o sol, e o luzeiro menor, a lua, embora o sol e a lua só sejam especificamente mencionados na Bíblia depois do seu relato do Dilúvio dos dias de Noé. — Gên 15:12; 37:9.

Anteriormente, no primeiro “dia”, usou-se a expressão: “Venha a haver luz.” A palavra hebraica para “luz” ali é ʼohr, significando luz em sentido geral. Mas, no quarto “dia”, a palavra hebraica muda para ma·ʼóhr, que se refere a um luzeiro ou fonte de luz. (Gên 1:14) Portanto, no primeiro “dia”, uma luz difusa evidentemente atravessava as faixas envolventes, mas as fontes desta luz não poderiam ser vistas por um observador terrestre. Agora, no quarto “dia”, as coisas evidentemente mudaram.

É também digno de nota que em Gênesis 1:16 não se usa o verbo hebraico ba·ráʼ, que significa “criar”. Antes, emprega-se o verbo hebraico ʽa·sáh, que significa “fazer”. Visto que o sol, a lua e as estrelas estão incluídos nos “céus” mencionados em Gênesis 1:1, eles foram criados muito antes do Quarto Dia. No quarto dia, Deus passou a “fazer” com que esses corpos celestes ocupassem uma nova relação para com a superfície da terra e a expansão por cima dela. Quando se diz: “Deus os pôs na expansão dos céus para iluminarem a terra”, isto indica que se tornaram então discerníveis da superfície da terra, como se estivessem na expansão. Também, os luzeiros deviam “servir de sinais, e para épocas, e para dias, e para anos”, provendo assim mais tarde diversas maneiras de orientação para o homem. — Gên 1:14.

O Quinto Dia ficou marcado pela criação das primeiras almas não humanas na terra. Pelo poder divino não foi produzida apenas uma criatura que Deus tivesse o propósito que evoluísse para outras formas, mas literalmente enxames de almas viventes. Declara-se: “Deus passou a criar os grandes monstros marinhos e toda alma vivente que se move, que as águas produziram em enxames segundo as suas espécies, e toda criatura voadora alada segundo a sua espécie.” Satisfeito com o que Ele tinha produzido, Deus os abençoou, e, na realidade, disse-lhes que ‘se tornassem muitos’, o que era possível, porque estas criaturas, de muitas famílias de espécies diferentes, foram divinamente dotadas da faculdade de reproduzir-se “segundo as suas espécies”. — Gên 1:20-23.

No Sexto Dia, “Deus passou a fazer o animal selvático da terra segundo a sua espécie, e o animal doméstico segundo a sua espécie, e todo animal movente do solo segundo a sua espécie”, obra que era boa, assim como todas as anteriores obras criativas de Deus. — Gên 1:24, 25.

Perto do fim do sexto dia de atividade criativa, Deus trouxe à existência uma espécie inteiramente nova de criatura, superior aos animais, embora inferior aos anjos. Tratava-se do homem, criado à imagem de Deus e segundo a Sua semelhança. Ao passo que Gênesis 1:27 declara brevemente a respeito da humanidade que Deus ‘os criou macho e fêmea’, o relato paralelo de Gênesis 2:7-9 mostra que Jeová Deus formou o homem do pó do solo, soprou nas narinas dele o fôlego de vida, e o homem tornou-se uma alma vivente, provendo-se-lhe um lar paradísico e alimento. Neste caso, Jeová usou os elementos da terra na obra criativa, e então, tendo formado o homem, Ele criou a fêmea do gênero humano, usando uma das costelas de Adão como base. (Gên 2:18-25) Com a criação da mulher, o homem estava completo como “espécie”. — Gên 5:1, 2.

Deus abençoou então a humanidade, dizendo ao primeiro homem e sua mulher: “Sede fecundos e tornai-vos muitos, e enchei a terra, e sujeitai-a, e tende em sujeição os peixes do mar, e as criaturas voadoras dos céus, e toda criatura vivente que se move na terra.” (Gên 1:28; compare isso com Sal 8:4-8.) Para a humanidade e para as outras criaturas terrestres, Deus fez provisões adequadas por dar-lhes “toda a vegetação verde por alimento”. Relatando o resultado de tal obra criativa, o Registro inspirado declara: “Depois, Deus viu tudo o que tinha feito, e eis que era muito bom.” (Gên 1:29-31) Tendo o sexto dia chegado com bom êxito ao seu término e tendo Deus completado esta obra criativa, “passou a repousar no sétimo dia de toda a sua obra que fizera”. — Gên 2:1-3.

Na conclusão do retrospecto das realizações em cada um dos seis dias de atividade criativa ocorre a declaração: “E veio a ser noitinha e veio a ser manhã” do primeiro, segundo, terceiro dia, e assim por diante. (Gên 1:5, 8, 13, 19, 23, 31) Visto que a duração de cada dia criativo era maior do que 24 horas (conforme será considerado mais adiante), esta expressão não se aplica a noite e dia literais, mas é figurativa. Durante o período noturno, as coisas estariam indistintas; mas na manhã tornar-se-iam claramente discerníveis. Durante a “noitinha”, ou começo, de cada período ou “dia” criativo, o propósito de Deus para com aquele dia, embora plenamente conhecido a ele, estaria indistinto para quaisquer observadores angélicos. Todavia, com a chegada da “manhã”, haveria plena luz para ver o que Deus se havia proposto para aquele dia, tendo-o já realizado nesta ocasião. — Veja Pr 4:18.

Duração dos Dias Criativos. A Bíblia não especifica a duração de cada um dos períodos criativos. No entanto, todos os seis já terminaram, dizendo-se com respeito ao sexto dia (como no caso de cada um dos cinco dias precedentes): “E veio a ser noitinha e veio a ser manhã, sexto dia.” (Gên 1:31) Entretanto, não se faz esta declaração com respeito ao sétimo dia, em que Deus passou a repousar, indicando que este continuava. (Gên 2:1-3) Também, mais de 4.000 anos depois do começo do sétimo dia, ou dia de repouso de Deus, Paulo indicou que esse ainda estava em andamento. Em Hebreus 4:1-11, ele recorreu às anteriores palavras de Davi (Sal 95:7, 8, 11) e a Gênesis 2:2, instando: “Façamos, portanto, o máximo para entrar naquele descanso.” No tempo do apóstolo, o sétimo dia já havia continuado por milhares de anos e ainda não havia terminado. O Reinado Milenar de Jesus Cristo, o qual biblicamente é identificado como “Senhor do sábado” (Mt 12:8), evidentemente faz parte do grande sábado, o dia de repouso de Deus. (Re 20:1-6) Isto indica a passagem de milhares de anos desde o começo do dia de repouso de Deus até o seu fim. A semana de dias, apresentada em Gênesis 1:3 a 2:3, dos quais o último é um sábado, parece paralelizar a semana em que os israelitas dividiam seu tempo, observando o sábado no sétimo dia dela, em harmonia com a vontade divina. (Êx 20:8-11) E, visto que o sétimo dia tem continuado por milhares de anos, pode-se razoavelmente concluir que cada um dos seis períodos, ou dias, criativos era de pelo menos milhares de anos de duração.

Que um dia pode ter mais de 24 horas de duração é indicado em Gênesis 2:4, que fala de todos os períodos criativos como um só “dia”. Isto também é indicado pela observação inspirada de Pedro, de que “um só dia é para Jeová como mil anos, e mil anos, como um só dia”. (2Pe 3:8) Atribuir-se não apenas 24 horas, mas um período mais longo, milhares de anos, a cada um dos dias criativos harmoniza-se melhor com a evidência encontrada na própria terra.

Coisas Criadas Antecederam às Invenções do Homem. Milhares de anos antes de aparecerem em cena muitas das invenções do homem, Jeová já havia provido suas criações com suas próprias versões delas. Por exemplo, o voo das aves precedeu em milênios o desenvolvimento de aviões. O náutilo, dotado de câmaras, e o siba usam tanques de flutuação para descer e subir no oceano, assim como fazem os submarinos. O polvo e a lula recorrem à propulsão a jato. Morcegos e golfinhos são peritos no uso do sonar. Diversos répteis e aves marinhas têm embutidos neles suas próprias “usinas de dessalinização”, que os habilitam a beber a água do mar.

Pelos ninhos engenhosamente projetados e pelo uso de água, os cupins refrigeram o ar das suas moradias. Plantas microscópicas, insetos, peixes e árvores usam sua própria forma de “anticongelante”. Pequenas frações de mudança de temperatura são registrados pelos termômetros embutidos de algumas serpentes, mosquitos, e as aves leipoa e megápode. Marimbondos, vespas e vespas amarelas produzem papel.

Thomas Edison recebe o crédito pela invenção da lâmpada elétrica, mas a perda de energia dela por causa do calor é um inconveniente. As criações de Jeová — esponjas, fungos, bactérias, vaga-lumes, insetos, peixes — produzem luz fria e em muitas cores.

Muitas aves migratórias não somente têm bússola na cabeça, mas possuem também relógio biológico. Algumas bactérias microscópicas possuem motor rotativo que podem fazer funcionar para a frente ou no reverso.

Não é sem bom motivo que o Salmo 104:24 diz: “Quantos são os teus trabalhos, ó Jeová! A todos eles fizeste em sabedoria. A terra está cheia das tuas produções.”

Alguns procuram associar o relato bíblico da criação com relatos mitológicos, pagãos, tais como a bem conhecida Epopeia da Criação babilônica. Na realidade, havia diversas histórias sobre a criação na antiga Babilônia, mas aquela que ficou bem conhecida é um mito relacionado com Marduque, deus nacional de Babilônia. Em suma, a história fala sobre a existência da deusa Tiamat e do deus Apsu, que se tornaram os pais de outras deidades. As atividades destes deuses tornaram-se tão aflitivas para Apsu, que ele decidiu destruí-los. Todavia, Apsu foi morto por um desses deuses, Ea, e quando Tiamat procurou vingar Apsu, ela foi morta pelo filho de Ea, Marduque, o qual partiu então o corpo dela, usando metade deste para formar o céu e a outra metade em conexão com o estabelecimento da terra. Os atos subsequentes de Marduque incluíam a criação da humanidade (com a ajuda de Ea), usando o sangue de outro deus, Quingu, diretor das hostes de Tiamat.

Aproveitou-se a Bíblia das histórias babilônicas sobre a criação?

P. J. Wiseman salienta no seu livro que, quando as tabuinhas babilônicas da criação foram descobertas, alguns peritos esperavam que descobertas e pesquisas adicionais mostrassem que havia uma correspondência entre elas e o relato da criação em Gênesis. Alguns achavam que se tornaria evidente que o relato de Gênesis aproveitou algo do babilônico. Entretanto, descobertas e pesquisas adicionais apenas tornaram evidente que existe uma grande lacuna entre os dois relatos. Não há paralelo entre eles. Wiseman cita The Babylonian Legends of the Creation and the Fight Between Bel and the Dragon (As Lendas Babilônicas sobre a Criação e a Luta Entre Bel e o Dragão), publicado pelos Curadores do Museu Britânico, que afirmam que “os conceitos fundamentais dos relatos babilônico e hebraico são essencialmente diferentes”. Ele mesmo observa: “É muitíssimo lamentável que muitos teólogos, ao invés de se manterem em dia com a moderna pesquisa arqueológica, continuem a repetir a teoria, já refutada, de que os hebreus ‘se aproveitaram’ das fontes babilônicas.” — Creation Revealed in Six Days (Criação Revelada em Seis Dias), Londres, 1949, p. 58.

Embora alguns tenham indicado o que para eles pareciam ser similaridades entre a epopeia babilônica e o relato de Gênesis sobre a criação, em vista da consideração da narrativa bíblica da criação, que se acaba de fazer, e do epítome acima, do mito babilônico, é prontamente evidente que realmente não são nada similares. Portanto, é desnecessária uma detalhada análise comparativa entre eles. Todavia, ao considerar aparentes similaridades e diferenças (tais como a ordem dos eventos) nesses relatos, o Professor George A. Barton observou: “Uma diferença mais importante está nos conceitos religiosos dos dois. O poema babilônico é mitológico e politeísta. Seu conceito sobre a deidade de modo algum é elevado. Seus deuses amam e odeiam, tramam e maquinam, lutam e destroem. Marduque, o campeão, vence apenas depois duma feroz luta, que exige o máximo dos seus poderes. Gênesis, por outro lado, reflete o mais enaltecido monoteísmo. Deus domina tão cabalmente todos os elementos do universo, que estes lhe obedecem à mínima palavra. Ele controla tudo sem esforço. Diz uma coisa, e ela é feita. Admitindo-se, como faz a maioria dos peritos, que há uma conexão entre as duas narrativas, não há melhor medida da inspiração do relato bíblico do que colocá-lo lado a lado com o babilônico. Ao lermos hoje o capítulo em Gênesis, este ainda nos revela a majestade e o poder de um só Deus, e cria no homem moderno, assim como fazia nos antigos hebreus, uma atitude de adoração para com o Criador.” — Archaeology and the Bible (Arqueologia e a Bíblia), 1949, pp. 297, 298.

Declarou-se a respeito de antigos mitos de criação em geral: “Nenhum mito foi ainda encontrado que se refira explicitamente à criação do universo, e aqueles que falam sobre a organização do universo e seu processo cultural, sobre a criação do homem e o estabelecimento da civilização são caracterizados pelo politeísmo e pelas lutas entre deidades visando a supremacia, o que faz notório contraste com o monoteísmo hebreu dos capítulos primeiro e segundo do livro de Gênesis.” — O Novo Dicionário da Bíblia, editado por J. Douglas, em português por R. P. Shedd, 1966, Edições Vida Nova, p. 348.

“Uma Nova Criação.” Depois do sexto período ou “dia” criativo, Jeová cessou sua atividade criativa terrestre. (Gên 2:2) Mas ele tem realizado coisas grandiosas em sentido espiritual. Por exemplo, o apóstolo Paulo escreveu: “Se alguém estiver em união com Cristo, ele é uma nova criação.” (2Co 5:17) Estar “em” ou “em união com” Cristo aqui significa usufruir união com ele como membro do seu corpo, sua noiva. (Jo 17:21; 1Co 12:27) Para tal relação vir à existência, Jeová Deus atrai a pessoa ao seu Filho e a gera com espírito santo. Como filho de Deus, gerado pelo espírito, tal pessoa é “uma nova criação”, tendo a perspectiva de compartilhar com Jesus Cristo o Reino celestial. — Jo 3:3-8; 6:44.

Recriação. Jesus falou aos seus apóstolos também sobre uma “recriação” e associou esta com o tempo em que “o Filho do homem se assentar no seu glorioso trono”. (Mt 19:28; Lu 22:28-30) A palavra grega traduzida por “recriação” é pa·lin·ge·ne·sí·a, composta de elementos que significam “novamente; de novo; mais uma vez”, e “nascimento; origem”. Filo usou o termo com referência à reconstituição do mundo após o Dilúvio. Josefo usou-o com respeito ao restabelecimento de Israel após o exílio. O Theological Dictionary of the New Testament (Dicionário Teológico do Novo Testamento), editado por G. Kittel, diz que o uso de pa·lin·ge·ne·sí·a, em Mateus 19:28, “está de pleno acordo com o de Filo e Josefo”. (Traduzido para o inglês por G. Bromiley, 1964, Vol. I, p. 688) De modo que a referência não é feita a uma nova criação, mas a uma regeneração, ou renovação, por meio da qual se realiza plenamente o propósito de Jeová para com a terra. — Veja TRIBO (“Julgando as Doze Tribos de Israel”).

Sob o domínio do Reino, asseguram-se grandiosas bênçãos à humanidade obediente, “a criação” que “será liberta da escravização à corrupção e terá a liberdade gloriosa dos filhos de Deus”. (Ro 8:19-21; veja FILHO[S] DE DEUS [Liberdade Gloriosa dos Filhos de Deus].) No sistema de coisas prometido e criado por Deus “há de morar a justiça”. (2Pe 3:13) A certeza do seu estabelecimento é enfatizado pela visão apocalíptica de João e sua declaração: “Eu vi um novo céu e uma nova terra.” — Re 21:1-5.