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CAPÍTULO 15

Batalhas pela liberdade de adoração

Batalhas pela liberdade de adoração

FOCO DO CAPÍTULO

Como Cristo tem ajudado seus seguidores a lutar por reconhecimento legal e pelo direito de obedecer às leis de Deus

1, 2. (a) Qual é a prova de que você é cidadão do Reino de Deus? (b) Por que as Testemunhas de Jeová vez por outra têm de lutar por sua liberdade religiosa?

 VOCÊ é um cidadão do Reino de Deus? Como Testemunha de Jeová, com certeza é. E qual é a prova de sua cidadania? Não é um passaporte nem qualquer outro documento oficial. Em vez disso, a prova está no modo como você adora a Jeová Deus. A adoração verdadeira envolve mais do que suas crenças. Envolve o que você faz — sua obediência às leis do Reino de Deus. Para todos nós, nossa adoração afeta cada aspecto da vida, incluindo o modo como criamos nossos filhos e até mesmo o modo como lidamos com determinadas questões de saúde.

2 Mas o mundo em que vivemos nem sempre respeita nossa prezada cidadania ou seus requisitos. Alguns governos têm tentado restringir nossa adoração ou até mesmo eliminá-la por completo. Vez por outra, os súditos de Cristo têm de lutar pela liberdade de viver segundo as leis do Rei messiânico. Isso é de surpreender? Não. O povo de Jeová nos tempos bíblicos muitas vezes teve de lutar pela liberdade de adorar a Jeová.

3. Que batalha o povo de Deus enfrentou nos dias da Rainha Ester?

3 Nos dias da Rainha Ester, por exemplo, o povo de Deus precisou lutar pela própria vida. Por quê? O primeiro-ministro Hamã, um homem perverso, sugeriu ao rei persa Assuero que todos os judeus que viviam sob o domínio do rei fossem mortos, porque ‘suas leis eram diferentes das de todo outro povo’. (Ester 3:8, 9, 13) Será que Jeová abandonou seus servos? Não. Ele abençoou os esforços de Ester e Mordecai quando eles recorreram ao rei persa para proteger o povo de Deus. — Ester 9:20-22.

4. O que consideraremos neste capítulo?

4 Que dizer dos tempos modernos? Como vimos no capítulo anterior, os governos às vezes se opõem às Testemunhas de Jeová. Neste capítulo, consideraremos alguns métodos usados por eles para restringir nossa adoração. Nós nos concentraremos em três áreas gerais: (1) nosso direito de existir como organização e exercer nossa forma de adoração, (2) a liberdade para escolher tratamentos médicos em harmonia com princípios bíblicos, e (3) o direito dos pais de criar os filhos segundo os padrões de Jeová. Cada área analisará exemplos de cidadãos leais do Reino messiânico que lutaram corajosamente para proteger sua preciosa cidadania e como seus esforços foram abençoados.

Lutando por reconhecimento legal e liberdades básicas

5. O reconhecimento legal proporciona que benefícios aos cristãos verdadeiros?

5 Será que precisamos de reconhecimento legal de governos humanos para adorar a Jeová? Não, mas isso facilita praticarmos nossa adoração — por exemplo, nos reunir livremente em nossos Salões do Reino e Salões de Assembleias, imprimir e importar publicações bíblicas, e divulgar as boas novas ao nosso próximo sem impedimento. Em muitos países, as Testemunhas de Jeová estão legalmente registradas e têm a mesma liberdade de adoração que os membros de outras religiões legalmente reconhecidas. Mas o que acontece quando governos negam reconhecimento legal ou tentam limitar nossas liberdades básicas?

6. As Testemunhas de Jeová na Austrália enfrentaram que desafio no início dos anos 40?

6 Austrália. No início dos anos 40, o governador-geral da Austrália considerou nossas crenças “prejudiciais” aos empenhos militares. O resultado foi proscrição. As Testemunhas de Jeová não podiam se reunir nem pregar abertamente, as atividades de Betel foram impedidas e Salões do Reino foram confiscados. Era proibido até mesmo possuir publicações bíblicas. Depois de agir em secreto por alguns anos, as Testemunhas de Jeová na Austrália finalmente encontraram alívio. Em 14 de junho de 1943, a Suprema Corte da Austrália reverteu a proscrição.

7, 8. Descreva a luta pela liberdade de adoração que nossos irmãos na Rússia têm travado ao longo dos anos.

7 Rússia. As Testemunhas de Jeová ficaram décadas sob proscrição comunista, mas foram finalmente registradas em 1991. Após a dissolução da ex-União Soviética, recebemos reconhecimento legal na Federação Russa em 1992. Mas em pouco tempo alguns opositores — em especial os associados com a Igreja Ortodoxa Russa — se sentiram incomodados com o rápido crescimento de nossa organização. Opositores moveram uma série de cinco ações penais contra as Testemunhas de Jeová entre 1995 e 1998. Em nenhuma delas o promotor encontrou prova de delito. Os obstinados opositores moveram então uma ação civil em 1998. As Testemunhas de Jeová tiveram uma vitória inicial, mas os opositores rejeitaram o veredicto e nossos irmãos perderam no recurso em maio de 2001. Um novo julgamento começou em outubro daquele ano, levando a uma decisão em 2004 que dissolveu a entidade legal registrada usada pelas Testemunhas de Jeová em Moscou e proscreveu suas atividades.

8 Seguiu-se uma onda de perseguição. (Leia 2 Timóteo 3:12.) As Testemunhas de Jeová enfrentaram hostilidade e agressões físicas. Publicações religiosas foram confiscadas; alugar ou construir locais de adoração se tornou muito difícil. Imagine como nossos irmãos se sentiram quando enfrentaram essas dificuldades. Eles tinham levado o caso à Corte Europeia dos Direitos Humanos (CEDH) em 2001, e enviaram informações adicionais em 2004. Em 2010, a CEDH deu seu veredicto. Ficou evidente para a Corte que a proscrição da Rússia havia sido motivada por intolerância religiosa, e ela decidiu que não havia motivo para manter as decisões dos tribunais de menor instância, visto que não havia prova de violação da lei por parte de nenhuma Testemunha de Jeová. A Corte também observou que a proscrição tinha por objetivo remover os direitos legais das Testemunhas de Jeová. A decisão confirmou o nosso direito à liberdade de religião. Embora várias autoridades russas não tenham acatado a decisão da CEDH, o povo de Deus naquele país se sentiu mais encorajado com essas vitórias.

Titos Manoussakis (Veja o parágrafo 9.)

9-11. Na Grécia, como o povo de Jeová tem lutado pela liberdade de se reunir, e quais têm sido os resultados?

9 Grécia. Em 1983, Titos Manoussakis alugou um cômodo em Heraklion, Creta, para que um pequeno grupo de Testemunhas de Jeová se reunisse ali para adoração. (Heb. 10:24, 25) Pouco depois, porém, um sacerdote ortodoxo prestou queixa à polícia, protestando contra o uso daquele local pelos irmãos. Por quê? Simplesmente porque as crenças das Testemunhas de Jeová são diferentes das da Igreja Ortodoxa. As autoridades deram início a um processo penal contra Manoussakis e outros três irmãos locais. Eles foram multados e sentenciados a dois meses de prisão. Como cidadãos leais do Reino de Deus, as Testemunhas de Jeová encararam o julgamento como uma violação de sua liberdade de adoração e, por isso, prosseguiram com o caso nos tribunais locais e por fim recorreram à CEDH.

10 Finalmente, em 1996, a CEDH aplicou um golpe inesperado nos opositores da adoração verdadeira. Ela observou que “as Testemunhas de Jeová se enquadram na definição de ‘religião conhecida’, conforme previsto pela lei grega”, e que as decisões dos tribunais de menor instância tiveram um “impacto direto sobre a liberdade de religião dos requerentes”. Também julgou que não cabia ao governo da Grécia “estabelecer se crenças religiosas ou os meios usados para expressar tais crenças são aceitáveis ou não”. As sentenças contra as Testemunhas de Jeová foram revertidas, e sua liberdade de adoração foi assegurada.

11 Será que essa vitória resolveu a situação na Grécia? Infelizmente, não. Em 2012, um caso similar foi finalmente resolvido em Kassandreia, Grécia, após uma batalha jurídica de quase 12 anos. Nesse caso, a oposição foi instigada por um bispo ortodoxo. O Conselho de Estado, tribunal administrativo de instância superior da Grécia, resolveu a questão a favor do povo de Deus. A decisão citou a garantia constitucional de liberdade de religião da própria Grécia e rejeitou a acusação muito comum de que as Testemunhas de Jeová não são uma religião conhecida. A Corte declarou: “As doutrinas das Testemunhas de Jeová não são secretas e, por isso, elas professam uma religião conhecida.” Os membros da pequena congregação em Kassandreia se alegram de que agora podem se reunir tranquilamente para adoração em seu próprio Salão do Reino.

12, 13. Na França, como os opositores tentaram ‘forjar a desgraça por meio de decreto’, e com que resultado?

12 França. Alguns opositores do povo de Deus têm usado a tática de ‘forjar a desgraça por meio de decreto’. (Leia Salmo 94:20.) Por exemplo, em meados da década de 90, autoridades fiscais na França deram início a uma auditoria das finanças da Association Les Témoins de Jéhovah (ATJ), uma das entidades legais usadas pelas Testemunhas de Jeová no país. O ministro do Orçamento revelou o verdadeiro objetivo da auditoria: “A auditoria poderia resultar numa liquidação judicial ou em ações penais . . . , o que provavelmente desestabilizaria as operações da associação ou forçaria o encerramento de suas atividades em nosso território.” Embora a auditoria não tivesse encontrado nenhuma irregularidade, as autoridades fiscais cobraram um tributo exorbitante da ATJ. Se essa tática fosse bem-sucedida, a única opção de nossos irmãos seria fechar a filial e vender os prédios a fim de pagar o enorme tributo. Foi um golpe duro, mas o povo de Deus não desistiu. As Testemunhas de Jeová protestaram ativamente contra esse tratamento injusto e por fim apresentaram o caso à CEDH em 2005.

13 A Corte anunciou sua decisão em 30 de junho de 2011. Ela raciocinou que o direito à liberdade de religião deve impedir o Estado, exceto em casos extremos, de avaliar a legitimidade de crenças religiosas ou de como elas são expressas. Também declarou: “A tributação . . . teve o efeito de cortar os recursos vitais da associação, impedindo que ela assegurasse a seus membros o livre exercício de sua adoração em seus aspectos práticos.” A Corte decidiu unanimemente a favor das Testemunhas de Jeová. Para a alegria do povo de Jeová, o governo francês finalmente devolveu com juros o tributo cobrado da ATJ e, acatando a decisão da Corte, removeu as restrições sobre os bens da sede.

Você pode orar regularmente por seus irmãos que estão sofrendo por causa de questões legais

14. Como você pode ter uma participação na luta pela liberdade de adoração?

14 Assim como Ester e Mordecai, o povo de Jeová hoje luta pela liberdade de adorar a Jeová como ele ordenou. (Ester 4:13-16) Você pode ter uma participação nisso? Sim. Você pode orar regularmente por seus irmãos que estão sofrendo por causa de questões legais. Essas orações podem ser de muita ajuda para nossos irmãos que enfrentam dificuldades e perseguição. (Leia Tiago 5:16.) Será que Jeová leva em conta essas orações? Nossas vitórias judiciais são prova disso! — Heb. 13:18, 19.

Liberdade para escolher tratamentos médicos que não violam nossas crenças

15. O que o povo de Deus leva em conta a respeito de tratamentos médicos?

15 Como vimos no Capítulo 11, os cidadãos do Reino de Deus receberam orientação bíblica clara para evitar o uso indevido do sangue, algo muito comum hoje. (Gên. 9:5, 6; Lev. 17:11; leia Atos 15:28, 29.) Embora não aceitemos transfusões de sangue, queremos o melhor tratamento médico possível para nós e nossa família, desde que não entre em conflito com as leis de Deus. Os tribunais superiores de muitos países têm reconhecido que as pessoas têm o direito de escolher ou recusar tratamentos médicos de acordo com sua consciência e crenças religiosas. Em alguns países, porém, o povo de Deus tem enfrentado enormes desafios nesse sentido. Veja alguns exemplos.

16, 17. Que procedimento médico uma irmã no Japão recebeu contra sua vontade, e como as orações dela foram respondidas?

16 Japão. Misae Takeda, uma dona de casa de 63 anos, precisava passar por uma grande cirurgia. Por ser uma cidadã leal do Reino de Deus, ela deixou claro para o médico que queria ser tratada sem sangue. Mas, meses depois, ficou chocada ao saber que haviam lhe dado uma transfusão de sangue durante a cirurgia. Sentindo-se violentada e enganada, a irmã Takeda entrou com uma ação judicial contra os médicos e o hospital em junho de 1993. Aquela mulher humilde e meiga tinha uma fé inabalável. Ela deu um testemunho destemido perante uma sala de audiências lotada, permanecendo no banco de testemunhas por mais de uma hora apesar de sua saúde debilitada. Nossa irmã compareceu ao tribunal pela última vez apenas um mês antes de morrer. Não concorda que esse é um grande exemplo de coragem e fé? A irmã Takeda disse que pediu constantemente a Jeová que ele abençoasse sua luta. Ela tinha certeza de que suas orações seriam respondidas. Foram mesmo?

17 Três anos após a morte da irmã Takeda, a Suprema Corte do Japão decidiu a seu favor — concordando que havia sido errado lhe dar transfusão contra sua vontade expressa. A decisão, anunciada em 29 de fevereiro de 2000, dizia que “o direito de decidir” em tais casos “deve ser respeitado como parte dos direitos pessoais”. Graças à determinação da irmã Takeda de lutar por sua liberdade de escolher um tratamento que não violasse sua consciência treinada pela Bíblia, as Testemunhas de Jeová no Japão agora podem se submeter a um tratamento médico sem medo de receber uma transfusão de sangue forçada.

Pablo Albarracini (Veja os parágrafos 18 a 20.)

18-20. (a) Como tribunais na Argentina garantiram o direito de um irmão de recusar transfusões de sangue por meio de um documento de diretivas antecipadas? (b) A respeito do uso indevido do sangue, como podemos mostrar submissão à liderança de Cristo?

18 Argentina. Como os cidadãos do Reino se preparam para o caso de estarem inconscientes quando for preciso tomar uma decisão numa emergência médica? Podemos ter sempre conosco um documento legal que falará por nós, como fez Pablo Albarracini. Em maio de 2012, ele foi vítima de uma tentativa de roubo e foi baleado várias vezes. Ele chegou ao hospital inconsciente e por isso não pôde explicar sua posição sobre a questão do sangue. Mas ele tinha um documento de diretivas médicas antecipadas devidamente preenchido, que havia assinado mais de quatro anos antes. Embora seu quadro fosse grave e alguns médicos achassem que uma transfusão de sangue era necessária para salvar sua vida, a equipe médica estava preparada para respeitar sua vontade. No entanto, o pai de Pablo, que não era Testemunha de Jeová, conseguiu uma autorização judicial para desconsiderar a vontade de seu filho.

19 O advogado que representava a esposa de Pablo entrou com um recurso. Em questão de horas, o tribunal de apelação reverteu a ordem do juízo de primeira instância e decidiu que a vontade do paciente, conforme expressa no documento de diretivas antecipadas, devia ser respeitada. O pai de Pablo recorreu à Suprema Corte da Argentina. A Corte, porém, não encontrou “nenhuma razão para duvidar que [o documento de diretivas de Pablo expressando sua recusa de transfusão de sangue] tivesse sido preenchido com discernimento, intenção e liberdade”. A Corte declarou: “Toda pessoa capaz e adulta tem a faculdade de estabelecer diretivas antecipadas sobre [sua] saúde, e pode aceitar ou rejeitar certos tratamentos médicos . . . Essas diretivas devem ser aceitas pelo médico responsável.”

Você já preencheu seu documento de diretivas médicas antecipadas?

20 O irmão Albarracini se recuperou totalmente. Ele e a esposa se sentem felizes por ele ter preenchido aquele documento. Por tomar essa medida simples, porém importante, ele mostrou submissão a Cristo, Rei do Reino de Deus. Você e sua família já tomaram medidas como essa?

April Cadoreth (Veja os parágrafos 21 a 24.)

21-24. (a) Como a Suprema Corte do Canadá chegou a uma decisão significativa no que diz respeito a menores e o uso do sangue? (b) Como esse caso pode encorajar servos de Jeová jovens?

21 Canadá. Em geral, os tribunais reconhecem os direitos dos pais de decidir qual o melhor tratamento médico para seus filhos. Houve ocasiões em que tribunais até mesmo decidiram que um menor maduro deve ter sua vontade respeitada no que se refere a tomar decisões médicas. Esse foi o caso de April Cadoreth. Aos 14 anos, ela deu entrada num hospital com uma grave hemorragia interna. Alguns meses antes, ela havia preenchido um documento de diretivas médicas antecipadas que deixava claro seu desejo de não receber transfusões de sangue, mesmo em caso de emergência. O médico que lhe atendeu preferiu ignorar a vontade expressa de April e conseguiu uma autorização judicial para lhe administrar sangue. Contra sua vontade, ela recebeu três unidades de concentrado de hemácias. Mais tarde, April comparou esse ato a um estupro.

22 April e seus pais recorreram aos tribunais em busca de justiça. Dois anos depois, o caso chegou à Suprema Corte do Canadá. Embora April tecnicamente tivesse perdido no que se refere à sua objeção constitucional, a Corte a isentou das despesas processuais e decidiu em favor dela e de outros menores que procuram exercer seu direito de decidir por si mesmos que tratamento aceitarão. A Corte declarou: “No contexto de tratamento médico, deve-se permitir que jovens menores de 16 anos demonstrem que suas opiniões sobre a escolha de determinado tratamento reflitam um grau suficiente de independência de pensamento e maturidade.”

23 Esse caso é significativo no sentido de que a Suprema Corte discutiu os direitos constitucionais de menores maduros. Antes dessa decisão, um tribunal canadense podia autorizar que um procedimento médico fosse administrado em um jovem menor de 16 anos, desde que o tribunal julgasse que tal procedimento fosse nos melhores interesses do menor. Mas, após essa decisão, um tribunal não pode autorizar o uso de nenhum procedimento médico contra a vontade de um jovem menor de 16 anos sem antes lhe dar a chance de provar que é suficientemente maduro para tomar suas próprias decisões.

“Fico muito feliz de saber que tive uma pequena participação em glorificar o nome de Deus e provar que Satanás é um mentiroso”

24 Será que os três anos de batalha jurídica valeram a pena? “Sim”, diz April, que hoje é pioneira regular e tem boa saúde. Ela acrescenta: “Fico muito feliz de saber que tive uma pequena participação em glorificar o nome de Deus e provar que Satanás é um mentiroso.” A experiência de April mostra que nossos jovens podem tomar uma posição corajosa, provando que são verdadeiros cidadãos do Reino de Deus. — Mat. 21:16.

Liberdade de criar filhos segundo os padrões de Jeová

25, 26. Que situação às vezes surge depois de um divórcio?

25 Jeová confia aos pais a responsabilidade de criar os filhos segundo Seus padrões. (Deut. 6:6-8; Efé. 6:4) Isso é desafiador, mas pode ser mais ainda quando os pais se divorciam. Eles talvez tenham conceitos bem diferentes sobre como criar os filhos. Por exemplo, um pai ou uma mãe Testemunha de Jeová não tem dúvida de que o filho deve ser criado segundo os padrões cristãos, ao passo que seu ex-cônjuge, que não é Testemunha de Jeová, talvez discorde. Naturalmente, o pai ou mãe Testemunha de Jeová precisa reconhecer que, embora o divórcio corte os laços matrimoniais, o relacionamento entre pais e filhos permanece intacto.

26 O ex-cônjuge talvez entre com uma ação judicial para garantir a guarda do filho e o controle sobre a educação religiosa dele. Alguns alegam que ser criado como Testemunha de Jeová é prejudicial. Pode ser que argumentem que o filho será impedido de participar em festas de aniversário, de comemorar datas festivas e, em caso de emergência médica, de receber uma transfusão de sangue que “salvará” sua vida. Felizmente, a maioria dos tribunais considera o que é melhor para o filho em vez de julgar se a religião de um dos pais é prejudicial ou não. Vejamos alguns exemplos.

27, 28. Como a Suprema Corte de Ohio julgou a acusação de que é prejudicial para um filho ser criado como Testemunha de Jeová?

27 Estados Unidos. Em 1992, a Suprema Corte de Ohio considerou certo caso em que um pai não Testemunha de Jeová alegou que seria prejudicial para seu filho ser criado como Testemunha de Jeová. O tribunal de instância inferior havia concedido a guarda ao pai. A mãe, Jennifer Pater, recebeu o direito de visitar o filho, mas não podia “lhe ensinar ou o expor às crenças das Testemunhas de Jeová de nenhuma forma”. Essa ordem do tribunal de primeira instância era tão abrangente que, se levada ao pé da letra, significava que a irmã Jennifer não podia nem mesmo conversar com o filho, Bobby, sobre a Bíblia ou seus padrões de moral. Consegue imaginar como ela deve ter se sentido? Jennifer ficou arrasada, mas disse que aprendeu a ser paciente e a esperar Jeová agir. Ela se lembra: “Jeová sempre estava ao meu lado.” Sua advogada, auxiliada pela organização de Jeová, recorreu à Suprema Corte de Ohio.

28 A corte discordou da decisão do tribunal de instância inferior, declarando que “os pais têm o direito fundamental de educar os filhos, incluindo o direito de lhes ensinar seus valores morais e religiosos”. Declarou também que, a menos que se pudesse provar que os valores religiosos defendidos pelas Testemunhas de Jeová são prejudiciais ao bem-estar físico e mental do filho, a corte não tinha o direito de restringir os direitos da guarda de um pai ou de uma mãe por causa de sua religião. A Corte não encontrou nenhuma prova de que as crenças religiosas das Testemunhas de Jeová teriam um efeito negativo na saúde mental ou física do filho.

Muitos tribunais têm decidido a favor dos direitos de guarda de pais cristãos

29-31. Por que uma irmã na Dinamarca perdeu a guarda de sua filha, e qual foi a decisão da Suprema Corte da Dinamarca?

29 Dinamarca. Anita Hansen se deparou com um problema parecido quando seu ex-marido entrou com uma ação judicial para ter a guarda de Amanda, de 7 anos. Embora o juízo distrital tivesse concedido a guarda à irmã Hansen em 2000, o pai de Amanda recorreu ao Tribunal Superior, o qual reverteu a decisão do juízo distrital e lhe garantiu a guarda. O Tribunal Superior fundamentou que, visto que os pais tinham conceitos conflitantes sobre a vida com base em suas crenças religiosas, o pai estaria numa posição melhor para resolver esses conflitos. Assim, em outras palavras, a irmã Hansen perdeu a guarda de Amanda por ser Testemunha de Jeová.

30 Ao longo daquele período difícil, houve ocasiões em que a irmã Hansen ficou tão desesperada que nem sabia o que pedir nas orações. “Mas”, conta ela, “as palavras de Romanos 8:26 e 27 foram de muito consolo. Sempre achei que Jeová entendia o que eu queria dizer. Ele estava atento a mim, sempre me apoiando”. — Leia Salmo 32:8; Isaías 41:10.

31 A irmã Hansen recorreu à Suprema Corte da Dinamarca. Em sua decisão, a Corte declarou: “A questão sobre a guarda deve ser decidida com base numa avaliação concreta do que será nos melhores interesses da criança.” Além disso, a Corte confirmou que uma decisão sobre guarda de filhos deve se basear no modo como os pais lidam com dificuldades, não com base nas “doutrinas e posições” das Testemunhas de Jeová. Para o grande alívio da irmã Hansen, a Corte reconheceu sua aptidão como mãe e lhe devolveu a guarda de Amanda.

32. Como a Corte Europeia dos Direitos Humanos tem protegido pais Testemunhas de Jeová de discriminação?

32 Vários países na Europa. Em alguns casos, controvérsias jurídicas sobre a guarda de filhos foram além dos tribunais superiores nacionais. A Corte Europeia dos Direitos Humanos (CEDH) também tem considerado essa questão. Em dois casos, a CEDH admitiu que tribunais nacionais de menor instância haviam tratado pais de modo diferente pelo simples fato de um ser Testemunha de Jeová e o outro não. Chamando esse tratamento de discriminatório, a CEDH decidiu que “uma distinção baseada essencialmente na diferença de religião não é aceitável”. Uma mãe Testemunha de Jeová que foi beneficiada por uma decisão assim da CEDH expressou seu alívio, dizendo: “Doeu demais ser acusada de prejudicar meus filhos, quando tudo o que eu queria era dar a eles o que achava ser o melhor — uma formação cristã.”

33. Como os pais Testemunhas de Jeová podem aplicar o princípio de Filipenses 4:5?

33 Naturalmente, quando pais Testemunhas de Jeová enfrentam desafios legais ao seu direito de incutir padrões bíblicos no coração de seus filhos, eles se esforçam para ser razoáveis. (Leia Filipenses 4:5.) Assim como eles prezam o direito de ensinar seus filhos no caminho de Deus, reconhecem que seu ex-cônjuge também tem responsabilidades parentais, caso queira assumi-las. Será que os pais Testemunhas de Jeová levam mesmo a sério sua responsabilidade de educar os filhos?

34. Como os pais cristãos hoje podem se beneficiar do exemplo dos judeus dos dias de Neemias?

34 Algo que aconteceu nos dias de Neemias pode ajudar nesse sentido. Os judeus não mediram esforços para reformar e reconstruir as muralhas de Jerusalém. Sabiam que fazer isso protegeria a si mesmos e suas famílias de nações inimigas em sua volta. Por esse motivo, Neemias os orientou: “Lutai por vossos irmãos, vossos filhos e vossas filhas, vossas esposas e vossos lares.” (Nee. 4:14) Para aqueles judeus, a luta valia qualquer esforço. Da mesma forma hoje, pais que são Testemunhas de Jeová não medem esforços para criar os filhos na verdade. Eles sabem que seus filhos são bombardeados por influências corrompedoras na escola e na vizinhança. Essas influências podem até mesmo se infiltrar em casa por meio da mídia. Pais, nunca se esqueçam de que vale qualquer esforço proporcionar aos filhos um ambiente seguro em que possam progredir espiritualmente.

Confie no apoio de Jeová à adoração verdadeira

35, 36. Que benefícios as Testemunhas de Jeová têm recebido por lutarem por seus direitos legais, e qual é a sua determinação?

35 Jeová sem dúvida tem abençoado os esforços de sua organização atual na luta pelo direito de adorá-lo livremente. Por travar tais batalhas jurídicas, o povo de Deus muitas vezes tem conseguido dar um poderoso testemunho aos presentes em tribunais e ao público geral. (Rom. 1:8) Outro benefício de suas muitas vitórias jurídicas é que elas reafirmam os direitos de muitas pessoas que não são Testemunhas de Jeová. No entanto, como povo de Deus, não nos empenhamos em reformas sociais, nem estamos interessados em provar que estamos com a razão. Acima de tudo, as Testemunhas de Jeová defendem seus direitos legais nos tribunais num esforço para estabelecer e promover a adoração pura. — Leia Filipenses 1:7.

36 Que sempre demos valor às lições de fé que aprendemos daqueles que lutaram pela liberdade de adorar a Jeová! Que também permaneçamos fiéis, confiantes de que Jeová está apoiando nossa obra e continua a nos dar a força necessária para fazer sua vontade. — Isa. 54:17.