Alimentos nutritivos ao seu alcance

DO REDATOR DE DESPERTAI! NO MÉXICO

ANGÉLICA e sua família, onze pessoas ao todo, viviam em uma pequena cidade rural no Estado de Oaxaca, no México. Eles eram pobres e a sua alimentação consistia em tortilhas, feijão, molho de pimenta, arroz aguado, pão doce e chá. “Não crescemos muito”, disse Angélica. “Éramos miúdos e esqueléticos. Ficávamos doentes com a maior facilidade. Uma hora era problema de estômago, outra hora eram vermes e muitas vezes, resfriado.”

Com o tempo eles se mudaram para a Cidade do México, na esperança de conseguir um  emprego e melhorar de vida. Angélica diz que agora a alimentação deles é bem mais completa. Inclui leite, ovos, carne, creme de leite, alguns tipos de hortaliças e uma variedade de alimentos industrializados. A pergunta é: será que a alimentação deles se tornou mais nutritiva?

Má nutrição — a extensão do problema

Cerca de 800 milhões de pessoas no mundo correm o risco de morrer de desnutrição. Segundo o Relatório Mundial da Saúde 1998, da Organização Mundial da Saúde (OMS), 50% dos óbitos de crianças de menos de cinco anos estão relacionados com a desnutrição. E as que conseguem sobreviver muitas vezes têm problemas de saúde.

Por outro lado, afirma-se que por volta de 800 milhões de pessoas correm o risco de morrer por se exceder na alimentação! Uma dieta não-balanceada aumenta a probabilidade de terem males crônicos como a obesidade, aterosclerose, hipertensão, diabetes, cirrose e vários tipos de câncer. Resumindo, a OMS declara: “O problema da má nutrição cobre uma ampla gama de males, e entre eles estão a desnutrição, a deficiência de nutrientes específicos e a hipernutrição. São males que matam, mutilam, retardam [mentalmente], aleijam, causam cegueira e afetam o desenvolvimento humano em escala maciça no mundo todo.”

Às vezes no mesmo país é possível haver tanto desnutrição como obesidade. Na mesma casa, pode haver crianças com alimentação deficiente e adultos com problemas crônicos relacionados à obesidade. Há casos de adultos obesos que eram desnutridos quando crianças. E isso tende a acontecer com as pessoas que se mudam para as cidades.

Muitos não imaginam que possa existir uma relação entre a saúde e os hábitos alimentares. O problema é que os efeitos prejudiciais na saúde resultantes da alimentação deficiente não se manifestam de imediato. Mas uma dieta saudável é uma prevenção contra muitas doenças. E prova disso é uma estimativa da OMS, de que 40% dos  casos de câncer poderiam ser evitados com uma alimentação melhor e com exercícios. A questão é: como melhorar os hábitos alimentares?

Como melhorar sua dieta

Em termos gerais, os alimentos podem ser classificados em três grupos. O primeiro é composto de cereais como milho, trigo, arroz, aveia, centeio, cevada e painço. Estão incluídos nesse grupo também os tubérculos como batata e inhame. São carboidratos energéticos. No segundo grupo estão classificadas as leguminosas secas como feijão, soja, lentilha, grão-de-bico e fava. Estão incluídos também os alimentos de origem animal como carne, peixe, ovos, leite e laticínios — ricas fontes de proteína, ferro, zinco e várias vitaminas. O terceiro grupo é composto de frutas e de hortaliças com alto teor de vitaminas e de sais minerais essenciais para o organismo. São energéticas, suprem fibras à dieta e representam a única fonte natural de vitamina C.

O Dr. Héctor Bourges, diretor de nutrição do Instituto Nacional de Ciências Médicas e Nutrição Salvador Zubirán (INNCMSZ), no México, afirma que a dieta saudável tem de ser variada, suficiente e balanceada. Ele sugere “incluirmos em cada refeição pelo menos um alimento de cada grupo e procurarmos na medida do possível variar entre os diversos itens em cada categoria, preparando-os de formas diferentes”.

Tomemos o caso de María. Ela vivia com a família em Atopixco, uma comunidade rural no Estado de Hidalgo, México. Eram muito pobres e alimentavam-se de tortilhas, feijão, macarrão, arroz e pimenta-malagueta. Em contraste com a família de Angélica, mencionada no início, a dieta da família de María incluía também um tipo de abóbora pequena, chuchu, cogumelos e verduras como a beldroega e o quenopódio. Muitos desses cresciam nos campos. E de vez em quando eles procuravam comer frutas da época. Esse cuidado com a alimentação valeu a pena.

O Dr. Adolfo Chávez, chefe do Departamento de Nutrição Aplicada e Educação Nutricional do INNCMSZ, recomenda que se usem produtos de origem animal como complemento e não como alimentação básica. Digamos que você vai servir ovos. Então use apenas alguns ovos e acrescente batatas, hortaliças, ou feijão. “Em termos de nutricionismo isso é conhecido como ‘incrementar’ ”, diz o Dr. Chávez. Agora, vai uma palavra de cautela: sempre lave bem as frutas e as hortaliças, especialmente as que vão ser servidas cruas.

Um fator muito importante no que diz respeito à dieta é estabelecer o que é adequado para cada um. E para isso é preciso levar em consideração a idade, o sexo e o estilo de vida. No caso dos adultos, sugere-se que o ideal é servir-se de duas porções de frutas e/ou de hortaliças em cada refeição e aumentar o consumo de cereais integrais e de leguminosas secas. Recomenda-se também que se restrinja a pequenas porções de alimentos de origem animal, dando preferência a peixe, frango sem a pele e carnes magras. Outra sugestão é limitar o consumo de gordura e de açúcar.

Isso se aplica também aos pobres que vivem em países em desenvolvimento. Eles também podem melhorar os hábitos alimentares. Como? Escolhendo alimentos nutritivos, variados e aprendendo a combiná-los. Um exemplo é combinar cereais com leguminosas secas. Outra maneira é por usar pequenas quantidades de carne ou de ovos, apenas para aumentar o valor nutritivo de um prato. E também por aproveitar as verduras que crescem na região e as frutas da época.

O nosso Criador faz ‘alimento sair da terra’ para o benefício da humanidade. (Salmo 104:14) A Bíblia, em Eclesiastes 9:7, diz: “Vai, come o teu alimento com alegria.” E de uma coisa podemos ter certeza: com uma dieta balanceada e evitando excessos, poderemos nos beneficiar dos alimentos deliciosos e nutritivos que o Criador tornou disponível para nós.

[Foto na página 26]

PRIMEIRO GRUPO: cereais e tubérculos

[Foto na página 26]

SEGUNDO GRUPO: leguminosas secas, carne, peixe, ovos, leite e laticínios

[Foto na página 26]

TERCEIRO GRUPO: frutas e hortaliças