Nasci em Ciudad Obregón, no norte do México, e era o quinto de nove filhos. Morávamos em uma pequena fazenda que meu pai cuidava, nos arredores da cidade. Era um lugar agradável de viver, e nossa família era unida e feliz. Infelizmente, quando eu tinha apenas cinco anos, um furacão destruiu nossa fazenda e tivemos que mudar para outra cidade.

 Meu pai começou a ganhar dinheiro, mas, ao mesmo tempo, começou a beber demais. Isso afetou seu casamento e os filhos. Nós roubávamos cigarros do meu pai, e começamos a fumar. Fiquei bêbado pela primeira vez com apenas seis anos. Logo depois disso, meus pais se separaram e meus vícios só pioraram.

 Minha mãe foi viver com outro homem e levou a gente com ela. O homem não trazia nenhum dinheiro para minha mãe, e não dava para viver só com o que ela ganhava. Então, eu e meus irmãos fazíamos qualquer serviço que aparecesse, mas mal dava para sobreviver. Eu engraxava sapatos, vendia pão, jornal, chicletes e outras coisas. Eu também andava pela cidade procurando comida nas lixeiras dos ricos.

 Quando eu tinha dez anos, um homem me convidou para trabalhar no lixão da cidade. Aceitei o convite, larguei os estudos e saí de casa. Ele me pagava menos de um dólar por dia e me dava comida tirada do lixo. Eu morava numa cabana que construí com restos que encontrava no depósito de lixo. As pessoas ao meu redor usavam linguagem suja e levavam uma vida imoral. Muitos eram viciados em drogas e alcoólatras. Foi a pior fase da minha vida. Toda noite eu chorava, tremendo de medo. Eu me sentia muito envergonhado por ser pobre e não ter estudado. Morei no lixão por uns três anos, até me mudar para outro estado do México. Lá eu trabalhei na lavoura, colhendo flores, algodão e batata, e juntando cana.

 Quatro anos depois eu voltei para Ciudad Obregón. Uma das minhas tias, que era curandeira, me deixou morar em sua casa. Comecei a ter pesadelos e fiquei tão deprimido que pensava em cometer suicídio. Certa noite, eu orei a Deus: “Se o Senhor existe, quero conhecer e servir o Senhor para sempre. Se existe uma religião verdadeira, quero saber qual é.”

 Eu sempre me interessei por assuntos espirituais. Mesmo quando criança, fui a muitas igrejas diferentes, mas fiquei desapontado com todas elas. Nenhuma delas falava muito sobre a Bíblia nem me ajudava a satisfazer minha necessidade espiritual. Algumas falavam demais sobre dinheiro, e em outras os membros levavam uma vida imoral.

 Quando eu tinha 19 anos, um dos meus cunhados me disse que as Testemunhas de Jeová tinham mostrado a ele o que a Bíblia diz sobre o uso de imagens religiosas. Ele leu para mim Êxodo 20:4, 5. Lá diz que não devemos fazer imagens esculpidas. O versículo 5 diz: “Não se curve diante delas nem as sirva, pois eu, Jeová, seu Deus, sou um Deus que exige devoção exclusiva.” Daí, meu cunhado perguntou: “Se Deus usa as imagens para realizar milagres, ou se ele quer que nós usemos imagens na adoração, por que ele as proibiu?” Essa pergunta me fez pensar. Depois, tivemos várias conversas sobre assuntos da Bíblia. Eu gostava tanto dessas ocasiões que nem via o tempo passar.

 Depois, ele me levou a uma reunião das Testemunhas de Jeová. Fiquei muito impressionado com o que vi e ouvi lá. Até os mais jovens participavam da reunião e falavam fluentemente no palco! Eu pensei: ‘Que educação as pessoas recebem aqui!’ Apesar do meu cabelo comprido e aparência desarrumada, fui muito bem recebido pelas Testemunhas de Jeová. Uma família até me convidou para jantar com eles depois da reunião!

 Ao estudar a Bíblia com as Testemunhas de Jeová, aprendi que Jeová Deus é um Pai amoroso que cuida de nós, independentemente da nossa condição financeira, posição social, raça ou nível de educação. Ele é realmente imparcial. (Atos 10:34, 35) Finalmente, eu estava satisfazendo minha necessidade espiritual. Eu não sentia mais aquele vazio.

 Toda a minha vida começou a melhorar muito! Eu parei de fumar, de beber e de usar linguagem suja. O ressentimento que eu tinha desde criança e aqueles pesadelos terríveis foram sumindo aos poucos. Eu também superei aquele profundo sentimento de inferioridade que eu tinha por causa dos traumas emocionais da minha infância e por não ter estudado muito.

 Hoje eu tenho uma esposa maravilhosa, que ama a Jeová e me apoia muito. Agora sirvo como superintendente de circuito das Testemunhas de Jeová e visito congregações para encorajar e ensinar meus irmãos e irmãs espirituais, que são uma família para mim. Graças à Bíblia, que pode nos restabelecer, e à excelente instrução que Deus nos dá, eu não sinto mais vergonha de mim mesmo.